Quebrar preconceitos é o primeiro passo para uma prevenção ao suicídio eficaz. Os mitos sobre suicídio, nascidos da desinformação e do medo, criam uma perigosa barreira de silêncio que impede uma pessoa em sofrimento de buscar ou receber ajuda. Falar abertamente sobre o assunto, com conhecimento e empatia, é a melhor forma de ajudar.
Na Psiquiatria Mackenzie, temos o compromisso de oferecer esclarecimento e orientação prática. Este guia foi desenvolvido para corrigir as crenças mais comuns, ajudá-lo a reconhecer os verdadeiros sinais de alerta do suicídio e mostrar como ajudar uma pessoa com ideação suicida de forma empática e efetiva.
Os Principais Mitos sobre Suicídio: Quebrando Preconceitos Comuns
O preconceito e o julgamento nascem da falta de informação. Conhecer a realidade por trás dos mitos sobre suicídio é fundamental para oferecer um acolhimento genuíno.
Esta é uma das interpretações mais perigosas e equivocadas. Falar abertamente sobre morte ou o desejo de “sumir” não é drama, é um pedido de ajuda claro e um dos mais importantes sinais de alerta. Ignorar essa comunicação é fechar a porta para uma pessoa que está em dor emocional extrema e buscando uma conexão para sobreviver.
Pesquisas e a prática clínica demonstram exatamente o contrário. Abordar o tema de forma acolhedora e direta cria um espaço seguro. Perguntar “Você tem pensado em acabar com sua vida?” não implanta a ideia, mas sim valida o sofrimento da pessoa, mostrando que ela não está sozinha e que sua dor é vista. Essa abordagem é essencial na prevenção ao suicídio.
A maioria das pessoas emite sinais, sejam eles verbais ou comportamentais. É um erro acreditar que a decisão é silenciosa e imprevisível. Muitos dos que chegam ao ato final deram avisos sutis ou diretos. Aprender a ler esses sinais é uma habilidade que pode fazer a diferença entre a vida e a morte. Discutir os mitos sobre suicídio nos ajuda a focar nos sinais reais.
Os sinais de risco podem ser sutis ou evidentes. Fique atento a mudanças significativas no padrão de comportamento de uma pessoa.
Isolamento social progressivo de amigos, família e atividades sociais.
Expressão constante de desesperança, angústia, culpa ou sentimento de ser um fardo.
Alterações drásticas de humor: irritabilidade, raiva, ansiedade ou, inversamente, uma calma súbita e estranha após um período de agitação (isso pode indicar que a pessoa tomou uma decisão).
Perda de interesse em hobbies, trabalho ou paixões.
Negligência com a aparência e higiene pessoal.
Comportamento de risco e impulsivo, como abuso de álcool/drogas ou direção perigosa.
Organização de assuntos finais: fazer um testamento, doar bens preciosos, escrever cartas de despedida.
Frases diretas ou indiretas como: “Eu não aguento mais”, “Queria que tudo isso acabasse”, “Vocês ficariam melhores sem mim”, “Eu sou um peso para todos”.
Saber como agir é tão importante quanto identificar os sinais. Sua atitude pode ser a ponte para o tratamento.
O que fazer (e o que não dizer):
Ofereça uma escuta ativa e sem interrupções. Sua principal função não é dar soluções, mas ser um porto seguro.
Use frases como “Sinto muito que você esteja passando por isso” ou “Deve ser muito difícil sentir tudo isso”. Evite a todo custo frases de julgamento como “Isso é egoísmo” ou “Pense na sua família”.
Não tenha medo de ser direto. Perguntar “Você está pensando em suicídio?” demonstra que você leva o sofrimento a sério.
Deixe claro que o apoio profissional (psiquiatra, psicólogo) é fundamental. Ofereça ajuda para encontrar um especialista ou para ir à primeira consulta.
Se o risco for iminente, não deixe a pessoa sozinha. Remova o acesso a medicamentos e outros meios perigosos e procure ajuda de emergência (SAMU – 192).
Assim como existem fatores de risco, existem fatores de proteção que fortalecem o indivíduo contra a ideação suicida. Incentivá-los é uma forma ativa de prevenção ao suicídio:
Rede de apoio forte: Laços familiares e sociais saudáveis.
Acesso a cuidados de saúde mental: Tratamento eficaz para transtornos mentais.
Habilidades de resolução de problemas: Capacidade de lidar com os estresses da vida.
A jornada da saúde mental exige coragem, conhecimento e uma comunidade disposta a oferecer suporte. Ao entender a realidade por trás dos mitos sobre suicídio, você se torna um agente ativo de mudança. Quebrar preconceitos é uma tarefa coletiva que abre portas para o diálogo, para o tratamento e, fundamentalmente, para a esperança.
Ninguém precisa enfrentar essa dor sozinho. A busca por ajuda é um ato de coragem.
Ligue 188 (disponível 24 horas, ligação gratuita) ou acesse o site.
Ligue 192 para risco imediato.
Procure o CAPS e as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do seu bairro.
Nossa equipe está pronta para oferecer acolhimento, diagnóstico e tratamento. Superar os mitos sobre suicídio é o primeiro passo; o tratamento profissional é o caminho para a recuperação. Contato